Irmão Rafael Jácome

Segundo SHOROJOVA E.V. em “El problema de Conciencia – Editorial Grijalbo S.A., México, 1963, p. 54, atesta: “Sendo um processo social por sua natureza, a consciência é, ao mesmo tempo, a consciência do homem como indivíduo. A natureza e a sociedade se refletem na mente humana tanto em forma de consciência individual, como nas diversas formas da consciência social. A consciência individual do homem abarca os processos de apreensão da realidade por uma pessoa determinada e a atividade consciente do homem em um e outro tempo. A consciência social é a compreensão da realidade por uma sociedade ou classe determinada e as peculiaridades da atividade consciente da sociedade em seu conjunto ou de grupos sociais isolados. A consciência social reflete a existência social em forma de ideologia e psicologia social. O sentido vital da consciência não estaria justificado se não estivesse vinculado à conduta real do homem, à sua atividade. Assim, pois, para compreender a natureza da consciência e as peculiaridades específicas da atividade reflexa do homem deve-se caracterizar o nexo da consciência com a atividade.”

Fundamentalmente os dois divergiram em seus métodos. A professora Jacinta Castelo Branco Correia em seu artigo sobre o título - De Paulo Freire a Clodomir Santos de Morais: Da Consciência Crítica a Consciência Organizativa -, afirma: “A consciência crítica baseada no diálogo, segundo a proposta do educador Paulo Freire, é incapaz por si mesma, de transceder a etapa dialógica e gerar aquelas mudanças que são mais exigidas pela sociedade e pelos pobres e pelos excluídos “aqui e agora” . Do que a pessoa tem que ter clara consciência é que a metodologia de Paulo Freire, no final das contas, não nos proviu com uma metodologia objetiva (isto é, uma metodologia ativamente comprometida com a realidade objetiva), senão que, baseando-se no diálogo, no principal se manteve dentro do âmbito da socialização do conhecimento acadêmico, mediado por um processo educativo libertador. É por essa razão que, com Freire, o “o que fazer” e o “como fazê-lo”, sempre, ou bem, permaneceram inarticulados, ou foram explicados diferentemente por cada extensionista, sob os ditados de suas próprias limitações e seus antecedentes experienciais pessoais. O próprio Paulo Freire, sem rodeios, reconhecia que o “como fazê-lo” era algo que estava por descobrir, por quem assumisse o desafio do mestre-“aprendiz” (learnrer), em uma postura dialogal. No entanto, o problema fundamental consiste no fato de que o campesinato, acostumado como está a intervenções paternalista e a relações assistencialistas, por razões de uma longa história de relações de dominação, permanece enraizado em sua crença de que será inferior para sempre e “incapaz”; por conseguinte, recusa, se não através de palavras, ou em feitos, participar em ações baseadas precisamente no tipo de análise dialógica proposto por Paulo Freire. Sobre este mesmo tema, Freire comenta, em seu precoce “Extensão ou Comunicação?”, que “resulta natural que eles (os oprimidos) deveriam mostrar uma aversão extrema a dialogar. Tampouco é surpreendente que digam ao educador, depois de apenas quinze ou vinte minutos de participação ativa: “Desculpe-nos, senhor, nós-os-que-não-sabemos deveríamos ficar calados e escutar o que você sabe”. (FREIRE,1974:121).
Nos finais dos anos 1980, aumentaram os primeiros experimentos do Método de Capacitação Massiva, chamado Laboratórios Organizacionais, sistematizados por Clodomir Santos de Morais. Este método permite em termos reais, o tipo de diálogo recomendado por Paulo Freire, em que se começa a partir do conhecimento organizativo já incorporado na comunidade. A comunidade no Laboratório Organizacional adquire destrezas e habilidades que permitem os participantes abordar formas complexas de organização. Nele, o processo de capacitação busca a exposição total e incondicional da “empresa objeto” do “sujeito coletivo”. Todo processo de educação sobre organização deve estar alicerçado na apropriação por parte do grupo sujeito de sua situação de maneira que desenvolva mudanças de conduta e atitudes inerentes à superação de níveis de consciência e autoestima, identidade, posse, autogoverno e gestão. Para o que há de exercer sua autonomia e, ao mesmo tempo, interdepender em resposta à necessidade humana de complementação e integração. Citando ainda a Professora Jacinta: “A compreensão de Clodomir vai muito mais além dos parâmetros da criação de conhecimento autônomo, na tradição da “conscientização” e da “educação popular”. Com entusiasmo o próprio Freire afirma: “A consciência crítica”, a educação popular pode, como o Duque de Iork, levar as suas tropas ao “cimo das colinas”, porém, sem “consciência organizativa” que a complemente e lhe ofereça verdadeira autonomia e garras, essas tropas logo despencam até a base dessa colina. Isto as deixa, tal como sucedeu tão amiúde no passado, em uma situação pior que a que tinham antes: haviam provado o sabor da fruta de “liberdade”, porém careceram de meios próprios para sustentar essa liberdade.”
O que o Professor Clodomir oferece constitui uma esperança para a transformação rápida, em escala massiva e a baixo custo para as finanças públicas, de grandes grupos de pessoas, tanto nos pobres e no presente e no futuro “mundo sem trabalho” dos países pós-industrializados. Sendo “excluídos” (qualificação negativa), convertem-se em promotores de renda e emprego, “embaixadores de novas oportunidades de trabalho”.

Mas, nada disto muda se o homem não aceitar Jesus como o seu único e suficiente salvador. A luz dos estudos exegéticos e históricos, é sempre mais comum, na teologia, considerar que o amor de Deus é quem transforma o homem e as estruturas. O objetivo da nossa vida é de sermos cristãos, isto é, de seguir Jesus que para nós não é uma pessoa do passado, mas viva hoje (viva na sua Palavra, em meio a nós, no próximo, dentro de nós). Ser seus seguidores significa conhecer a felicidade, a plenitude, o sentido da existência, a unidade com os irmãos, a força na dor ... Em uma palavra: a vida.
A PAZ DO SENHOR! Rafael Jácome
Um comentário:
Eita, Rafael que momento riquíssimo o nosso naquela experiência impar. Excelente a oportunidade de não apenas conhecer e participar da Metodologia da Capacitação Massiva, vivenciando várias etapas e desafios.
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