Por Rafael Jácome
Debato bastante com alguns amigos sobre o serviço da Igreja evangélica ao homem
e observo que muitos irmãos vivem num contexto de dificuldades financeiras,
sociais, culturais, educacionais,... Enfim, ainda encontro muitos dentro do contexto
dos excluídos sociais. Um dos aspectos mais forte para a vitória do crente é partir
da premissa do “Buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33), mas o crente tem não só o direito à
vida, à subsistência biológica, mas também a garantia de um trabalho digno, a
organizar-se livremente, a ter acesso a educação e à informação em igualdades
de oportunidades, a participar das decisões econômicas e políticas.
Paralelamente a este contexto muitos crentes se distanciam destas realidades ou
muitas vezes exercem um enorme esforço no auxílio e na solidariedade, mas só
conseguem ações paliativas em curto prazo sem interferir na magnitude das
necessidades. Outros tantos costumam cair no paternalismo de ações sociais, mas
não se organizam para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Por outro lado, constato que pequenos grupos que vão surgindo nos setores
populares para enfrentar situações de miséria, são retaliados e frequentemente
inibidos pelo medo, pela suspeita de ativismo político ou pela repressão da
igreja. Na verdade, estes grupos buscam o crescimento de suas comunidades, de
suas participações efetivas nas prioridades locais e das melhorias de suas
instituições.
O questionamento básico é: estamos preparados para consolidar o anúncio do
evangelho dentro destas mudanças nas estruturas, mentalidade e inserção social
dos grupos que se organizam e lutam por uma sociedade mais justa? Entregaremos
aos ímpios o direito de transformação dos paradigmas da sociedade?
A igreja exerce o papel bem definido pelo serviço ao mundo, isto é, aos homens,
à comunidade humana. O Evangelho anuncia o Reino de Deus que foi semeado uma
vez na terra pela vida, paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Ele está próximo
e Jesus está voltando, sua graça está sendo abundantemente derramada naqueles
que buscam o Senhor e respondem pelos seus atos: “Os cegos vêem, os coxos
andam... e a boa nova é anunciada aos pobres... a libertação aos presos...aos
oprimidos” (Lc 4.18 e 7.22).
Os crentes, como discípulos de Jesus, são chamados a esta missão: “Pelo
caminho, proclamai que o Reino de Deus se aproxima, curai enfermos... expulsai
demônios. De graça o recebestes, daí-o também de graça” (Mt 10.7-8).
A proposta é servir o povo, em suas necessidades humanas, que confessa a
própria fé e dá motivos de esperança, despertando a responsabilidade solidária,
com criatividade, organizada e lutando pela superação coletiva.
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