Por Rafael Jácomoe
Para
desmistificar o poder da igreja medieval, surgiu o Humanismo, um movimento
intelectual que afirmava o homem como o centro de todas as coisas, ou seja,
tudo era obra do homem. No campo das artes, letras, filosofia e ciências,
surgiu o Renascimento com alto grau de teor de espírito crítico, onde a Razão
apurava a veracidade dos fatos e das informações contidas nos documentos da
Antiguidade Clássica. O homem era concebido como sujeito do conhecimento, era
ele quem iria apreender o objeto, a realidade da qual faria representações.
Com a intensificação do
Nacionalismo, do imperialismo e do colonialismo, os interesses econômicos e
políticos eram ditados pelos governantes. As ciências desenvolveram-se
extraordinariamente, a ideia de progresso fazia com que o homem estivesse em
pleno movimento, de descobertas e rompimento das antigas instituições e
crenças. Paralelamente a tudo isto, as religiões buscavam formas para
conseguirem manterem-se no poder, elas também deveriam passar por
transformações e foram acompanhando sempre o pensamento dominante, muitas vezes
fugindo dos seus papéis transcendentais e divinos. No mundo da igreja Católica as
crises foram instauradas entre os seus seguidores, muitas vezes descrentes dos
seus próprios papéis dentro do contexto atual da humanidade, no processo de
integração entre as várias economias e sociedades dos vários países,
especialmente no que se refere à difusão de informações, na busca de um mundo
de paz, amor, esperança, caridade, salvação, perseverança,... A população urbana, que começava a se
escolarizar, consumia avidamente textos de cunho religioso e, sobretudo, de
crítica ao papado e à igreja em geral. As doutrinas católicas eram discutidas e
contestadas.
Nesse contexto de crise no mundo papal católico,
o grande reformador Martinho Lutero foi um dos baluartes a contestar a prática
da sobrevivência religiosa utilizada na época. A igreja de Roma metida em sua
crise de poder e soberania pregava que qualquer cristão
poderia comprar o perdão dos seus pecados. Discordando das atitudes papais,
Lutero decretou a Reforma Protestante, mantendo-se contrário a venda de
indulgências a todos os cristãos. No dia 31 de outubro de 1517 afixou na porta
da igreja de Wittemberg as 95 proposições. Foi excomungado do catolicismo, mas,
acolhido pelo príncipe Frederico da Saxônia e apoiado por vários religiosos e
governantes europeus, provocou uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha,
expandindo-se pela Suiça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e
algumas partes do Leste Europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada
Igreja do Ocidente, entre os cristãos romanos e os reformados, originando
o Protestantismo, e trazendo consigo mudanças culturais
e econômicas por toda a Europa.
Foram defendidos
princípios básicos que caracterizaram as convicções e práticas protestantes: os
cinco “Solas”: Sola
Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação
somente em Cristo), sola
gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação
somente pela fé), soli
Deo gloria (glória dada somente a Deus), além do sacerdócio
universal dos cristãos. Ocorreu na Suiça a denominada “Segunda Reforma” que
originou as igrejas Reformadas, promovendo mudanças mais radicais que as
luteranas. Na cidade de Zurique (Suiça) surgiram os anabatistas, mais
entusiastas, radicais e fanáticos, defendiam a separação completa entre a
igreja e o estado. Também neste mesmo país, na cidade de Genebra, o francês
João Calvino se refugiou -1536 a1538 e de 1541 até o final de sua vida. Ela se
tornou o grande centro do protestantismo e preparou líderes para toda a Europa,
além de abrigar muitos refugiados das guerras religiosas. O Calvinismo foi o
mais completo sistema teológico protestante e originou as Igrejas Reformadas
(Europa continental) e presbiterianas (Ilhas britânicas). Na Escócia, o
protestantismo foi introduzido por John Knox, discípulo de Calvino, e criou o
conceito político-religioso de ”prebisterianismo” com igrejas governadas por
oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros, livres da tutela do Estado.
Enquanto que no Reino Unido o rei Henrique VIII (1491-1547), e seus sucessores implantaram
a Reforma no país criando a Igreja Anglicana.
Diante de todas as
insatisfações do mundo naquela época, da descrença nas estruturas sociais,
políticas, econômicas e religiosas, a Reforma Protestante não queria inovar,
mas restaurar antigas verdades bíblicas, vivenciadas pelas comunidades dos
primeiros cristãos, que a igreja havia esquecido ou trocado por suas tradições
humanas. Valorizaram as Escrituras, a salvação pela graça divina e pela fé
somente, sem as obras.
A Reforma Protestante fez o mundo pensar e
agir diferente contribuiu com o crescimento e a transformação em todos os
aspectos da humanidade. Não foi
somente uma reforma religiosa, mas também politica, econômica e social, ela foi
o resultado de décadas de insatisfação crescente com as doutrinas e as práticas
da igreja católica, e seus desdobramentos revolucionaram a Europa. Nela se
encontram os ideais da revolução inglesa, a ideia de federalismo (que começou
entre as igrejas calvinistas da suiça e Inglaterra), a valorização do
conhecimento, a separação entre igreja e estado, a ideia dos direitos
universais do homem, e muitos outros que surgiram no seu interior.
Rafael Jácome - Deus é Fiel!
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