Meus caros amigos leitores, desde do anúncio oficial da Pandemia do Coronavírus, posso afirmar que vivi experiências lindas em Passa e Fica, no agreste do RN. Enquanto que o vírus do Covid-19 trouxe separação, temor e distanciamento, provocando um verdadeiro corte nas relações sociais e interpessoais, fragmentando principalmente a família, tenho uma boa lembrança deste lindo interior.
A minha vivência vai como uma "contra corrente", ou seja, enquanto ocorre um isolamento social na capital Natal, eu vislumbro uma linda convivência social.Pode parecer estranho, até mesmo indignante, sim, como é trocar a ausência dos meus familiares e amigos da capital, por pessoas estranhas (exceção dos familiares da minha esposa), e, com pouco convívio, somos chamados de compadres. Quem é compadre do esposo, pode chamar suas esposas de comadres. Simples, muito simples!
Nunca pensei que poderia estar na contra mão da Pandemia social: construindo pontes de novas amizades. Quero, meus queridos leitores, dizer que minha experiência não terminava assim: entre um colóquio e outro, me convocaram para colher feijão! Não bastava a alegria de vê-los receber o "Auxílio Emergencial", agora eu ia compartilhar a luta daqueles resilientes que garantem que o nordestino é trabalhador.
Debaixo de um sol enormemente escaldante, entupido de roupas, presenciei a difícil luta cotidiano dos agricultores nordestinos. Como é difícil a vida no campo! A colheita é simples: um saco com tiras para prender nos ombros(ceio) e caminhar retirando os feijões maduros. Claro, não resisti de retirar, à parte, os verdes para uma boa panelada. Após as colheitas, colocavam o feijão para a secagem. Que batalha! Mas, o tempo nos pregava algumas surpresas: depois de todo o esforço braçal de distribuir o feijão para secar, o tempo mudava e, antes da chuva cair, tinha que recolher tudo. Questão de minutos!
A chuva é sinal de esperança: tempo de trabalhar a terra e plantar. Para quem gosta de trabalhar - e o homem do campo adora, é sinal também de prosperidade.
Outro detalhe importante, meus nobres leitores, foi a forma da relação conjugal entre os meus compadres e comadres. Eles obbservavam a minha relação com Cassiana, minha esposa, e diziam que eu "conversava" muito, tudo era de acordo com ela, ou seja, para eles a última palavra era dela. Encontraram rapidamente uma forma de me chamar de MANICACA. Conversei com cada um e expliquei a importância do diálogo entre os casais e os filhos e fiz um desafio: vamos criar um clube dos manicacas e escolher o presidente. Concordaram rapidamente e começaram a contar os votos e iniciei com 5(cinco) certos. Mas, aprendi que eleição se vence no dia. Abri o processo eleitoral com direito a discurso, coloquei em votação a necessidade das esposas votarem(não aceito), mas abriram para as duas amigas presentes. Pense numa disputa acirrada: ganhei no último voto(5 a 4) e o compadre Pelado foi o grande vencedor. Sou o vice, mas não o presidente.
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